terça-feira, 3 de julho de 2018
sexta-feira, 29 de junho de 2018
sábado, 10 de março de 2018
Da varanda
Chove desde cedo. É inverno. É norte. Você me diz que a chuva cai fina e mansa, você fala de universo sem fim, acorda-me, tenho palavras, sim, você oferta-as, faz um brinde, obrigada, façamos a nós, já é tarde, quase noite.
Ainda chove, ainda é norte e você aí, no sul. Você vê palavras, sentado em sua varanda, eu, agora, em outra, não sabemos o que cada um de nós vê, pois estamos ocupados, ingerindo palavras... varandas.
Eu amo março. Eu amo todas as terras, mas hoje vejo apenas o seu universo... lembra-se... foi você quem começou essa história... eu tão sossegada abarquei seu mundo, sinto, respiro, sei onde pisam seus pés, acomodados também, embora a visão estonteante que essa varanda lhe dá.
Chove desde cedo.
Anoiteceu.
Do telhado, vêm barulhos surdos
Da varanda, vem o mundo
Do mundo, vem você
Você pode também escutar?
Escutar-me?
Suzana Guimarães
sexta-feira, 19 de janeiro de 2018
quarta-feira, 3 de janeiro de 2018
O louco
fotografia scg |
Quanto mais andou, mais enlouqueceu. Então, não pararia mais. Seguiria. A loucura estava na lembrança dos dias perfeitos. Quanto mais enxergava aqueles dias e noites e aquelas noites e dias ajustados, fotografados na retina da alma, embrulhados para um futuro que nunca viria, que nunca veio, tempo que nunca existiu de verdade, mais endoidava. De verdade, agora, um chão sem fim porque a desgraça é lembrar que não andou. Agora, sim, iria endoidar de vez, mas com razão. E chão e mais chão, tombou a boca, sorveu o pó, humanizou-se.
Ó, Deus, por que muitos só aprendem pela dor?
Ó, Deus, eles realmente aprendem?
É noite, algumas crianças fazem uma roda, sorrindo. E assim lhe dão as mãos. Quem sabe, talvez o pó se torne alimento. As crianças sabem para onde vão...
para lugar nenhum, lugar sagrado de Deus, o coração do amor.
Suzana Guimarães
Suzana Guimarães
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