Que pena, sou um pássaro!
Por ser pássaro, não posso falar, apesar do bico que pode lhe bicar.
Dia cinza, todo para mim, para o meu à toa (e eu irei cagar em cima do poema)
Porque pássaros cagam.
Só para sujar este teu cabelo engomado, esta roupa alva de branca e este passo fingidamente certo.
(E eu cago em cima desse poema)
Pena não poder alcançá-lo para poder também bicá-lo, homem mentiroso!
Tu sabes ler e escrever?
Pois, desamancha e apaga. Desmancha e apaga até você perceber que mentira é coisa feia! Homem que não se endireita! Ah, daria dez voos só para dar um rasante em sua cabeça oca e assustar suas noites leves... daria dez voos para rir de você e dizer-lhe que a mentira tem que ser muito boa para eu acreditar...
mas, pássaros não falam. Só cagam.
Suzana Guimarães