(fotografia por Suzana Guimarães, via celular) |
sábado, 6 de agosto de 2016
Relato breve...
Eu queria. E era comum querer... Desejava um tempo especial, quase antes do fim do dia, do início da noite, o morno que se dá quando o calor ameniza, deixa a terra e as águas do mar alcançam as areias; um tempo calmo, gentil para comigo e eu para com ele. Mas também desejei - era muito comum querer! - passos pesados socando a terra, trovões, raios, enxurradas... a desgraça, a destruição da calmaria. Eu queria...
Sentada aqui onde estou, debaixo desta árvore, diante do mar, vendo as pessoas multiplicando-se em meus piscares de olhos... ouvindo o homem furando a terra, a britadeira quebrando as pedras, as vozes comentando... comentam sobre o barulho, mas para mim o cenário é o mais que perfeito porque nunca é o mesmo (lembre-se, as pessoas multiplicam-se aos meus olhos e se vão...) e eu cansei e o tempo que eu queria, não quero mais, só este. Estou parada, e se quero, quero apenas o fim da mesmice...
Já não posso mais, as mesmas imagens, o mesmo vocabulário, as recordações que se atravessam.
Sei que é meio-dia e que o homem parou para almoçar (e faça o tempo que for, ele parará), o silêncio apoderou-se do lugar, e eu ainda aqui. Espero um ônibus, o motorista me perguntará (ele, mais tarde, perguntou), "Where are you going?", e eu, prontamente, "I do not know". Sigo nesse ônibus, olho as cenas e elas não se repetem...
O que cansou-me foi a repetição...
por Suzana Guimarães