Ilustração por

Sobre contos e pespontos

Entre um conto e outro, alguns pespontos. Preciso dos pespontos para manter o principal equilibrado e firme. Preciso todo o tempo... Aprendi a pespontar quando a minha mãe me ensinou a fazer flores. Não, não se aprende a pespontar quando se faz flores. Essas apenas me lembram a minha mãe que me ensinou a pespontar os arranjos que a vida nos dá.



segunda-feira, 25 de março de 2013

PROFESSO, e não importa o que você seja para mim.

 
Fotografia de Luís Meneghini

 
 
No retiro dos detalhes, irei estar com você na segunda Lua minguante. E seremos novos, você e eu. Um mundo nosso onde reafirmaremos em êxtase a experiência de estarmos juntos. Quase nada você falará, e eu bem pouco irei pensar ou tentar lhe fazer festa. Ficaremos nós, encostados peito a peito como da outra vez em que tudo era imenso, um mar sem fim, intransponível. Agora, no tempo do pouco, continuaremos a delicadeza interrompida. Você acolherá meu rosto em tuas mãos, e gradualmente caminhará com a boca todo o meu corpo, gastará todo um dia, todo o inverno para isso, passearemos por um fio de água. Com um único dedo me conhecerá, e eu estarei em silêncio, ouvindo o que restou de nós voltando de forma devagar, em lenta contagem de todos os dias que perdemos, mas fomos um.

 
No retiro dos detalhes, adormecerei por entre tuas pernas, tomaremos pequenas doses de alguma bebida forte, desfiaremos o dia como se desfia um terço... Tudo será pouco, leve, lento, pequeno.

 
Grande, só teu corpo por sobre o meu.
 
Por Suzana Guimarães