terça-feira, 24 de dezembro de 2013
Cheiro de flor e hortelã
Volta.
Olha novamente, sou eu mesma.
Perdão, precisei de tempo. Você pode imaginar? O tempo foi muito longo e tenebrosos os invernos, exaustivos todos os verões... nos outonos, eu perguntava aos céus e às folhas caídas por você. Volta de onde está, olha para mim, toda primavera, por mais sem flores, foi para você.
Perdoa-me, foram muitos os chamados e muita a ânsia da certeza. Perdoa-me e volta. Por favor, pega aquele mesmo roteiro, espera em pé, perdido naquele ermo caminho sem fim, sob o calor do deserto, sob nossas inúmeras desconfianças... Saiba que é tudo e para mim, início e fim.
Volta.
Retorna.
Liga o carro, busca-me.
Estou há tanto tempo esperando-o que acabei por duvidar de mim.
Volta, e amassaremos o campo de hortelã, menta, sempre-viva, tudo onde os deuses atônitos presenciaram nosso tão inacreditável esbarrão.
Venha, vamos rir deles. Vamos rir de nós.
Suzana Guimarães