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(Direito autoral de Suzana Guimarães) |
E eu, em minha moral, digo-lhe, porte-se, seja decente. Eu não vou lhe dizer 'eu não a amo', porque eu não sou de dizer, sou de ações. Gosto dos atos, dos coitos, das armas contrabandeadas. Gosto de comprar o uísque falso porque palavras nada me atraem, principalmente as dos rótulos. Não direi falta amor porque desconheço isso, amor, não sinto o que não pego. Eu sempre quis mesmo foi a conquista da terra mais cara, isso me excita, porque subo com prazer para lá deixar meu cocô, meu território marcado, aqui estive, gente otária!
Não confunda o que faço ou fiz com isso que você imagina: amor.
Aprendi cedo a jogar a sujeira para debaixo do tapete, a vigiar possíveis passos, janelas e portas a denunciar. Sou mestre na arte de andar bem manso e, ninguém, de nada saber. Especialista em confundir paredes que ouvem.
Na falta do que lhe dizer, pois detesto palavras, jogarei em sua cara a minha moral. Descobri que lustrando-a com os troféus colecionados de todas as minhas defecações, ela se purifica, santifica-se.
Estou mudando de ramo, vender moral polida com cocô é mais rendoso e prazeroso, justifica-me mais.
Além de tudo, há a minha moral (Início)
Ensaios de um livro: Além de tudo (possível título)
Por Suzana Guimarães.
Nota: Preciso de alguém que me conheça muito e que possa me traduzir para o Inglês.