Detesto vontades moles. Não tenho paciência para quem não sabe o que quer. Passo o dia tomando café, ouvindo ela dizer que irá chover. Estou presa em mim, pedi ajuda, o guarda mostrou-me a chave... Disse sim. Acreditei. Caminhamos. Entendi errado, pensei que ele se perdia, mas, mais tarde, vi que ele se achava. Foi tanto o gosto da liberdade que abandonei-me na fuga. Larguei a guerreira, libertei enfim a prisioneira e pensei em chuva, em passos largos em pedras entalhadas pelo tempo.
Detesto vontades moles. Ele sabia para onde ia, eu, não. Eu queria o caminho onde é chuva todo dia.
Detesto vontades moles. O guarda mudou de ideia, trancou-me novamente.
Ele queria o caminho que eu entendia erroneamente perdido... Mas, por ser mole, sua vontade se esvaía...
Passo o dia pensando na chave. Tomo café. Ouço ela dizer vai chover.
Novamente reclusa, dispenso o guarda, a liberdade, aquele desejado caminho. Sonho com a posse da chave.
Detesto homens que se fazem de forte.
Por Suzana Guimarães