Eu queria escrever qualquer coisa, bem pouca, qualquer coisa que me aliviasse e, ao mesmo tempo, preenchesse. Algumas palavras certas, bem encaixadas, dispostas informalmente, com o intuito apenas de dizer para mim as verdades que procuro e não encontro - bem provável que eu mesma impeça esse processo! Eu queria dizer qualquer coisa para mim mesma, pois, em mim, eu confio. Eu queria uma visão clara, certeza que não vacilasse em dúvidas. Eu queria saber a razão de eu me sentir assim, nem cá, nem lá, em lugar algum. Que essas palavras me transportassem para um lugar sereno, habitado, cúmplice. Ou que alguém viesse e fizesse isso por mim. Penso que não seriam palavras escritas as melhores, tão pouco as pronunciadas, penso que o ideal seria alguma ação, um gesto ou dois, um convite para dividir uma sombrinha, não, melhor ainda, alguém que estendesse o braço e me puxasse para debaixo dela. Eu queria pouco, coisa mínima.