Ilustração por

Sobre contos e pespontos

Entre um conto e outro, alguns pespontos. Preciso dos pespontos para manter o principal equilibrado e firme. Preciso todo o tempo... Aprendi a pespontar quando a minha mãe me ensinou a fazer flores. Não, não se aprende a pespontar quando se faz flores. Essas apenas me lembram a minha mãe que me ensinou a pespontar os arranjos que a vida nos dá.



sexta-feira, 12 de outubro de 2012

EU QUERIA POUCO, COISA MÍNIMA





Eu queria escrever qualquer coisa, bem pouca, qualquer coisa que me aliviasse e, ao mesmo tempo, preenchesse. Algumas palavras certas, bem encaixadas, dispostas informalmente, com o intuito apenas de dizer para mim as verdades que procuro e não encontro - bem provável que eu mesma impeça esse processo! Eu queria dizer qualquer coisa para mim mesma, pois, em mim, eu confio. Eu queria uma visão clara, certeza que não vacilasse em dúvidas. Eu queria saber a razão de eu me sentir assim, nem cá, nem lá, em lugar algum. Que essas palavras me transportassem para um lugar sereno, habitado, cúmplice. Ou que alguém viesse e fizesse isso por mim. Penso que não seriam palavras escritas as melhores, tão pouco as pronunciadas, penso que o ideal seria alguma ação, um gesto ou dois, um convite para dividir uma sombrinha, não, melhor ainda, alguém que estendesse o braço e me puxasse para debaixo dela. Eu queria pouco, coisa mínima.




Por Suzana Guimarães
 
 
Nota: texto anteriormente publicado em 'O Medo de Suzana', em 5 de agosto de 2012.