Ilustração por

Sobre contos e pespontos

Entre um conto e outro, alguns pespontos. Preciso dos pespontos para manter o principal equilibrado e firme. Preciso todo o tempo... Aprendi a pespontar quando a minha mãe me ensinou a fazer flores. Não, não se aprende a pespontar quando se faz flores. Essas apenas me lembram a minha mãe que me ensinou a pespontar os arranjos que a vida nos dá.



quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

ESTRANHO CONHECIDO



O que tu sabes de mim?

Conheces o fundo dos meus olhos?
Onde pende alguma água
Ou onde tudo já secou?
O que tu entendes de mim?
Poderias, tu, desenhar-me com a precisão
Que só cabe aos amantes?
Conheces o tamanho dos meus seios?
Tocaste algum deles?
Viu minha pele eriçar-se?
O que tu viste?
Tu me vias em vestes frágeis
Num balanço lento
de saias ansiando pela transparência
Viste com rudeza e descrença
dizendo saber de mim...
Como tu sabes de mim se teus olhos em mim jamais repousaram
assim igual ao repouso da chuva molhando um secreto jardim...
um dia de chuva fina e calma em algum deserto...
No fundo, no fundo, todos os desertos são calados.

Por Suzana Guimarães