Ilustração por

Sobre contos e pespontos

Entre um conto e outro, alguns pespontos. Preciso dos pespontos para manter o principal equilibrado e firme. Preciso todo o tempo... Aprendi a pespontar quando a minha mãe me ensinou a fazer flores. Não, não se aprende a pespontar quando se faz flores. Essas apenas me lembram a minha mãe que me ensinou a pespontar os arranjos que a vida nos dá.



terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Nota


“O Medo de Suzana “ e “Contos de Lily “, meus primeiros blogs, viveram por oito anos e sete meses - de maio de 2010 a dezembro de 2018. Por serem ainda lidos, não os apagarei, mas escreverei apenas em “Eu disse que gostava de diários?”. Esse blog surgiu em 2013, no hospital onde meu pai estava internado. Pensei que seria algo passageiro, um simples alívio para meus dias tristes, mas ele ficou, o meu hábito de escrever um pouco sobre meu cotidiano. 

Sou lida e isso mexe comigo, principalmente por não saber quem me lê - apenas o país onde houve visualizações... e essa gente volta sempre, o que acaba por criar um laço entre nós. Passou a minha fase egoísta do início de me sentir usada. Quem escreve e publica não tem esse direito. Aprendi a lidar com meus leitores. 

Ano novo, vida nova.


Se quiser ir lá, Clica aqui.

terça-feira, 3 de julho de 2018

Lily morreu.


sexta-feira, 29 de junho de 2018

Se não pode escutar, você pode falar-me?


sábado, 10 de março de 2018

Da varanda


​Chove desde cedo. É inverno. É norte. Você me diz que a chuva cai fina e mansa, você fala de universo sem fim, acorda-me, tenho palavras, sim, você oferta-as, faz um brinde, obrigada, façamos a nós, já é tarde, quase noite.

Ainda chove, ainda é norte e você aí, no sul. Você vê palavras, sentado em sua varanda, eu, agora, em outra, não sabemos o que cada um de nós vê, pois estamos ocupados, ingerindo palavras... varandas.

Eu amo março. Eu amo todas as terras, mas hoje vejo apenas o seu universo... lembra-se... foi você quem começou essa história... eu tão sossegada abarquei seu mundo, sinto, respiro, sei onde pisam seus pés, acomodados também, embora a visão estonteante que essa varanda lhe dá. 

Chove desde cedo. 
Anoiteceu. 
Do telhado, vêm barulhos surdos
Da varanda, vem o mundo
Do mundo, vem você
Você pode também escutar? 

Escutar-me?


Suzana Guimarães

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

O louco

fotografia scg


Quanto mais andou, mais enlouqueceu. Então, não pararia mais. Seguiria. A loucura estava na lembrança dos dias perfeitos. Quanto mais enxergava aqueles dias e noites e aquelas noites e dias ajustados, fotografados na retina da alma, embrulhados para um futuro que nunca viria, que nunca veio, tempo que nunca existiu de verdade, mais endoidava. De verdade, agora, um chão sem fim porque a desgraça é lembrar que não andou. Agora, sim, iria endoidar de vez, mas com razão. E chão e mais chão, tombou a boca, sorveu o pó, humanizou-se. 

Ó, Deus, por que muitos só aprendem pela dor? 

Ó, Deus, eles realmente aprendem?

É noite, algumas crianças fazem uma roda, sorrindo. E assim lhe dão as mãos. Quem sabe, talvez o pó se torne alimento. As crianças sabem para onde vão...

para lugar nenhum, lugar sagrado de Deus, o coração do amor.


Suzana Guimarães

domingo, 3 de dezembro de 2017

Dédalo, por Dário B.



DÉDALO

Te procuro à noite nos labirintos dentro de mim. Desfilam nos meus olhos fechados todos os lugares do mundo. E todo o mundo beija-se na minh’alma. Os mentirosos vêm me confessar os seus segredos, os desprezados deitam-se à minha sombra. Depositam a meus pés o cansaço do dia os trabalhadores, os limpos ajeitam o laço da gravata ao olhar para mim. Vago por Cardiff, São Paulo, Amsterdam, sem sair do meu quarto, e me sinto em casa em qualquer lugar. Bailam nas minhas retinas os astros, e partícula infinitesimal que sou, nado no Mar da Tranquilidade, beijo a túnica de Vênus e desafio Marte para uma batalha sem me levantar da cama. Minha mão encostada na fronte me faz sentir pena, ódio, calma, alegria, inveja, sossego, ressentimento, rufião que fui dos sentimentos. Dou a mão aos heróis, sorrio com os vencedores e confraternizo com os fracos. Toco fitas e rendas, mergulho em lírios e amores perfeitos, busco teus cabelos e eles não estão aqui. Resta-me o sonho, desvelo para mim que amo, consolo fugaz que te traz até mim.

- (Dário B.)

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Rei de Paus

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(arquivo pessoal de Suzana Guimarães)



Fora, dia quente, vapor, um olhar parado na mulher que surgiu - poderiam ter sido tantas outras...
Dentro, nuvem pesada por sobre os dois, um mundo ainda a se descobrir.
Foi quando ele deu uns quatro passos, passou por suas costas para alcançar o lado esquerdo dela
Exato momento em que uma história passa a ser contada.

Um livro que se abre. 
O tempo entrega as cartas
Na mesa, brilha até hoje o Rei de Paus

Mas nem o tempo quer saber; nem Deus



Suzana Guimarães

sábado, 9 de setembro de 2017

Walt Whitman - poem

(photo by Suzana Guimarães)



"Passing stranger! You do not know how longingly I look upon you,
You must be he I was seeking, or she I was seeking, (it comes to me as of a dream,)
I have somewhere surely lived a life of joy with you,
All is recall’d as we flit by each other, fluid, affectionate, chaste, matured,
You grew up with me, were a boy with me or a girl with me,
I ate with you and slept with you, your body has become not yours only nor left my body mine only,
You give me the pleasure of your eyes, face, flesh, as we pass, you take of my beard, breast, hands, in return,
I am not to speak to you, I am to think of you when I sit alone or wake at night alone,
I am to wait, I do not doubt I am to meet you again, I am to see to it that I do not lose you."


By Walt Whitman

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Hoje é sexta-feira


Sexta-feira. Quantas para trás? Quantas virão ainda?
Falta ar, onde sobrava. Sobra sua risada, provocando-me.
Juro, amor, você não me provocaria duas vezes.

Juro.

Lê meus pensamentos? Eu, aos teus. 

sábado, 2 de setembro de 2017

A árvore da escada



Na escada nasceu um pé de planta masculina, amadeirada, que tem raiz forte e prende meus pés nas subidas e desliza-me quando volto. Meus poros sorvem a sensação de pés nus.

​Fiquei muito tempo sem palavras porque engoli todas elas.

​Da escada, essa planta alastra-se noite e dia pela casa...

No banho, seus longos galhos alcançam-me, lavam meus seios
No silêncio da tarde, levam-me às águas das vontades, dos desejos todos
O frescor do verde lambe minhas costas, alcança minha face e me faz arder onde eu nem pensava mais...

Na escada, cumpro meu destino.


(Suzana Guimarães)

sábado, 5 de agosto de 2017

Rumi, poem.



quinta-feira, 20 de julho de 2017

Rumi

(Desconheço autoria da imagem)

sábado, 8 de julho de 2017

Rumi, poem.

(Desconheço autoria da imagem)

quinta-feira, 22 de junho de 2017


Tempo do ócio. É verão na América do Norte. É calmo outono em mim. 

Férias❣

Aos meus queridos leitores espalhados por este mundão de Deus, minha saudade antecipada de vê-los repetidamente nas estatísticas do blogger.com... eu nem sabia que Macedônia era um país (para mim, era uma região do passado), tampouco havia ouvido falar em Mayotte. 

Felicidades, sucesso... são meus votos a todos!

Suzana

terça-feira, 20 de junho de 2017


Realmente, Paris pode esperar. E também meu doce e valente rei de coque! Supunha eu vê-lo e tê-lo assim? Um bom homem sabe fazer uma mulher sorrir. Um bom homem sabe e pode esperar.


domingo, 18 de junho de 2017


(fotografia por Suzana Guimarães)



"céus pousados nos ombros
sais vários temperando o rosto
calando as chuvas

meus ais domingos
antigos cansaços
todos espremidos
num canto da sala
decompondo-se em
tácitos azuis


desenrolo o dia
cotovelos na janela
queimados de sol
e esquecimento:

um fio de cinza
quase beija meu corpo."


Priscila Rôde

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Apenas um casal comum.

(Imagem retirada do Google)





Ele dizia que eu o massacrava, às vezes, dizia, entre beijos e abraços delicados. Ele rotulava-me, às vezes, e eu permitia porque eu gostava daquele jeito dele, educado e medroso de me perder de vista. Éramos doentes, até hoje seríamos, somos. A gente não se curou, a gente aprendeu a disfarçar nossos males, muito mais ainda nossas belezuras... Dois loucos idênticos! Um terceiro disse que foi um encontro infeliz quanto ao tempo dos dois, ambos em vendavais pessoais.

Ele dizia que era para nunca mais, eu também. Ele me detestava e me amava; e eu também, a ele.

Ele me deu um mundão de palavras, uma tempestividade inapropriada, perfeita em mim. Eu gostava de provocá-lo só para vê-lo em fogo, e, por isso, acabei por dar-lhe olhos e levantei a beirada da manta na qual ele insistia em se cobrir (o restante da manta, ele arrancou sozinho).

Eu sonhava com ele e nem em sonhos a gente conseguia ser um casal normal. Bom, a gente nunca foi um casal... vontade deve ter baixado mais vezes que espíritos na casa do vô Bento, entretanto.

Entretanto, havia doação bilateral. Havia magia. Há magia, até hoje os ventos gritam nos meus ouvidos o nome dele. Parece provocação. É! Mas eu aprendi a lidar com isso, converso com o vento, levanto uma lista enorme de argumentos, entre queixas, sorrisos, acusações, desejos homicidas e mostro ao vento que eu sou ocupada, tenho a minha vida - seja ela do jeito que for - para cuidar.

Ele dizia que eu era grossa, doce, corajosa. Eu também soube xingá-lo bem, isso foi o que melhor fizemos juntos!

Ele dizia que eu o massacrava... hoje, aplaudo, curvo-me, sorrio e faço uma reverência. Penso, "Sou tua, sou tua, até você me provocar".



Por Suzana Guimarães