Ilustração por

Sobre contos e pespontos

Entre um conto e outro, alguns pespontos. Preciso dos pespontos para manter o principal equilibrado e firme. Preciso todo o tempo... Aprendi a pespontar quando a minha mãe me ensinou a fazer flores. Não, não se aprende a pespontar quando se faz flores. Essas apenas me lembram a minha mãe que me ensinou a pespontar os arranjos que a vida nos dá.



terça-feira, 29 de janeiro de 2013

BREVE HIATO

Te procurei. Fui aos escombros, era cedo para mim, tarde para você, era manhã. Amanhã, não mais te buscarei. Mas, ontem, eu fui. Havia muita fumaça, uma lista infindável de dor, meu peito se fechou... eu quis saber, e não foi por vil curiosidade, orgulho ou dor, foi pela antiga doação, tão cúmplice... sincera solidão a dois. Eu te procurei, iria lhe estender uma palma, bem alta, bem alva, bem morna, quase aguada, quase morta, quase nossa, quase viva, permanente, para deixar-te um pouco de mim.

Voltei para casa. Abri as janelas. Sorri. Acendi perfumadas velas, ajeitei as almofadas do sofá, pensei em ti.

Amanhã, leite morno com chocolate, uma vasculhada no armário, o carro na rua, e na rua e na vida, eu de novo.


Por Suzana Guimarães