Ilustração por

Sobre contos e pespontos

Entre um conto e outro, alguns pespontos. Preciso dos pespontos para manter o principal equilibrado e firme. Preciso todo o tempo... Aprendi a pespontar quando a minha mãe me ensinou a fazer flores. Não, não se aprende a pespontar quando se faz flores. Essas apenas me lembram a minha mãe que me ensinou a pespontar os arranjos que a vida nos dá.



segunda-feira, 29 de agosto de 2011

FEITO MORTE


(Fotografia de SCG - arquivo pessoal)



a calha seca

jorrou impávida

molhou

deve ser assim a morte, pensou

deve ser assim ânsia subindo peito arfando

pés queimando, frios, ardentes... deve ser assim

trotando no breu

tateando

pulsando

garganta seca

a face louca

arisca

sua.


Atiça a moça morta

Aviva a murcha rosa


a boca busca mais que suga.


Para, para o tempo

para agora

precioso vício

queimando

em última cegueira


(por Suzana Guimaraes)