segunda-feira, 5 de setembro de 2011
DOCE HOMEM (IV)
Andam perguntando por ti enquanto você pergunta por mim... Você aguarda meu retorno e eu sempre a ti me movo, em giro lento de cabeça, passo calmo, riso manso. Andam perguntando, perguntando se você é delírio, quimera, você meu doce homem...
Saudades de teus olhos negros, teu sorriso em nossos olhos, transparentes, sem medos, sem janelas trancadas. Nosso palácio está vazio, barulhento apenas de nossos silêncios. E eu nem sei bem como dizer e apenas espero que você segure minhas mãos novamente, como se tocasse pétalas e eu olho isso, sim, eu gosto de olhar o que você faz, cada vez que ajeita minhas coxas para mais perto de ti, e desliza gesto. Amor é feito de gestos, amor tem mãos, tem tesão.
E deito a cabeça em teu peito, não, não em tempestades, terremotos, insanidades, deito minha cabeça em ti e me entrego, em tua pele, sim, amor é feito de peles, amor tem mãos, tem tesão... esse meu último segredo, entrego minha pressa... Pressa? Só longe de ti, só longe de teus olhos. A ti entrego minhas tolices, assobio de pássaro ao longe, só para ouvir teu riso ou alagar-me no rio escuro dos teus olhos.
Sou pétala de rosa branca pousada em tua pele amadeirada.
Sou sem adorno, pois o que carrego é apenas brilho nos olhos, quando os meus cansados e medrosos descansam nos teus.
Em teu cabelo da cor da graúna, eu toco, mas você pensa ser apenas mecha que escorrega e a puxa para trás.
Sou mulher fácil entre tuas pernas e quando teus olhos vazam os meus.
Você me olha e o tempo para e eu que sempre corri, corro, não. E eu que sempre disfarcei, disfarço, não!
Andam perguntando por ti. Eu, que nem sei mais de mim.
Por Suzana Guimarães
Pra ser amor, tem que ser feito.