Ilustração por

Sobre contos e pespontos

Entre um conto e outro, alguns pespontos. Preciso dos pespontos para manter o principal equilibrado e firme. Preciso todo o tempo... Aprendi a pespontar quando a minha mãe me ensinou a fazer flores. Não, não se aprende a pespontar quando se faz flores. Essas apenas me lembram a minha mãe que me ensinou a pespontar os arranjos que a vida nos dá.



segunda-feira, 5 de setembro de 2011

DOCE HOMEM (IV)



Andam perguntando por ti enquanto você pergunta por mim... Você aguarda meu retorno e eu sempre a ti me movo, em giro lento de cabeça, passo calmo, riso manso. Andam perguntando, perguntando se você é delírio, quimera, você meu doce homem...

Saudades de teus olhos negros, teu sorriso em nossos olhos, transparentes, sem medos, sem janelas trancadas. Nosso palácio está vazio, barulhento apenas de nossos silêncios. E eu nem sei bem como dizer e apenas espero que você segure minhas mãos novamente, como se tocasse pétalas e eu olho isso, sim, eu gosto de olhar o que você faz, cada vez que ajeita minhas coxas para mais perto de ti, e desliza gesto. Amor é feito de gestos, amor tem mãos, tem tesão.

E deito a cabeça em teu peito, não, não em tempestades, terremotos, insanidades, deito minha cabeça em ti e me entrego, em tua pele, sim, amor é feito de peles, amor tem mãos, tem tesão... esse meu último segredo, entrego minha pressa... Pressa? Só longe de ti, só longe de teus olhos. A ti entrego minhas tolices, assobio de pássaro ao longe, só para ouvir teu riso ou alagar-me no rio escuro dos teus olhos.

Sou pétala de rosa branca pousada em tua pele amadeirada.

Sou sem adorno, pois o que carrego é apenas brilho nos olhos, quando os meus cansados e medrosos descansam nos teus.

Em teu cabelo da cor da graúna, eu toco, mas você pensa ser apenas mecha que escorrega e a puxa para trás.

Sou mulher fácil entre tuas pernas e quando teus olhos vazam os meus.

Você me olha e o tempo para e eu que sempre corri, corro, não. E eu que sempre disfarcei, disfarço, não!

Andam perguntando por ti. Eu, que nem sei mais de mim. 

                                              
 Por Suzana Guimarães


                                                                  DOCE HOMEM (I)

                                                                  DOCE HOMEM (II)

                                                                  DOCE HOMEM (III)

                                                                  DOCE HOMEM (V) - última parte


Pra ser amor, tem que ser feito.