Ilustração por

Sobre contos e pespontos

Entre um conto e outro, alguns pespontos. Preciso dos pespontos para manter o principal equilibrado e firme. Preciso todo o tempo... Aprendi a pespontar quando a minha mãe me ensinou a fazer flores. Não, não se aprende a pespontar quando se faz flores. Essas apenas me lembram a minha mãe que me ensinou a pespontar os arranjos que a vida nos dá.



terça-feira, 5 de abril de 2011

DOCE HOMEM



Doce homem de veste rota, cabelo grosso, que me deixa louca. Doce homem duro, rude, amargo, que me invade inteira, enrosca e se encosta e me toca com mãos de nuvem. Doce homem, corpo
cavernoso, de riso libidinoso. Doce homem intransponível que transponho com flor em punho. Doce
homem sem odor que cruza em mim praças de tribos indígenas e faz em mim campo de lutas longínquas
e que me deixa à míngua, e que me deixa em palavra nula, nua, em delírios por sob língua, por sob
pelos, por sobre devaneios, que parece me fazer um favor, um fervor da mais insana reza... vem, sem pressa e me refaça, me desgasta, me amassa e subtraia, vem, e me faça da planta, muda.