Ilustração por

Sobre contos e pespontos

Entre um conto e outro, alguns pespontos. Preciso dos pespontos para manter o principal equilibrado e firme. Preciso todo o tempo... Aprendi a pespontar quando a minha mãe me ensinou a fazer flores. Não, não se aprende a pespontar quando se faz flores. Essas apenas me lembram a minha mãe que me ensinou a pespontar os arranjos que a vida nos dá.



domingo, 10 de abril de 2011

ENTREMENTES





Sou o respiro que antecede duas línguas




aquele que mal se sente



sou o vão entre duas bocas



o não, não esquecido




Sou um brilho opaco que passa rápido



entre olhos que se olham



sou lágrima seca que vive escondida



não jorra, enganosa.




Sou a palavra desmaiada, ainda viva, ainda viva



que apenas adormecida



existe, mesmo que supostamente esquecida




Sou o excesso de lençol



sou a cama dura, macia



desconforto



sou muita luz, pouca luz



sou dor fictícia




Sou desgosto



sou porto d`alma



sou pensamento, saudade, lembrança




Sou um risco riso de sonho.



Impalpável...



                                                            
                                                                  ( por Suzana Guimarães)