Suzana Guimarães
terça-feira, 27 de julho de 2010
P.S.:
Eu não queria escrever sobre perdas humanas nem perdas materiais, eu não queria escrever sobre guerra. Eu não queria descrever crueldades, não queria tentar destrinchar certas dores insuportáveis às quais os pesadelos nos levam a ter. Eu também não queria desfigurar máscaras, não queria vasculhar o sexo e suas entrelinhas. Ontem, não. Ontem, não. Quando escrevi sobre abraço, eu queria falar de coisas ternas - mesmo que às vezes tristes -, queria absorver um pouco da leveza que sinto em mim e por fora, através. Eu tentei apenas pintar um quadro, uma aquarela, fazer uma blusa de tricô, moldar uma argila, tão inconsistente, tão insuportavelmente maleável, eu queria fazer uma jarra com ela. Cheguei a comprar flores para colocar nessa jarra e nela eu derramei muitas águas que rolaram pelo meu rosto ao longo da vida. Eu queria muito pouco? Eu queria muito. Eu quis escrever sobre coisa impalpável e as minhas mãos são palpáveis. O teclado do meu computador é palpável. Abraços são muito mais que carnes se encontrando. Vivo a milhares de quilômetros de distância da minha mãe e eu a abraço todos os dias. Eu abraço meus mortos que não me deixaram. Eu abraço Deus. Eu posso fazer isso. Se você não pode, eu compreendo. Mas eu posso. Eu tentei descrever um abraço, mais fácil seria falar de beijo na boca, com língua. Seria extremamente mais fácil. Mas eu, com a minha mania de grandeza, tentei alcançar as estrelas, pegá-las, esfregá-las para que saísse mais brilho de lá. Sou assim, forçosamente uma pessoa resistente e obstinada.
Suzana Guimarães
8 comentários:
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E nessa quase meia noite de uma Ilha nordestina brasileira, abaixo da linha do equador, no rádio tocando uma música que diz 'se um dia vc lembrar escreva uma carta pra mim e coloque logo no correio', nesse nosso admiravel mundo nv da tecnologia os correios ficaram obsoletos, leio sobre seus abraços de ontem e de hoje e de sempre...
ResponderExcluirSuzana/lily, acho que me perdir, mas tbém acho que disse o essêncial, pq essa mesma tecnologia nos leva aos abraços (mesmos que virtuais), ao imediatismo da notícia, da imagem, e a dor da saudade e do contato físico fica mais fácil de suportar, eu, que gostaria nesse momento poder abraçar tantas pessoas que estão apenas na memória, nesse castelo que coloquei todos eles e elas...
beijos...até breve!
PArabems por ser asim... aquela alma que e capaz de conseguir tocar as estrelas.. sentir Deus e aquela que posue un coracao blanco cheio de amor pra ofrecer de lindos sentimientos no coracao... Felicidades amiga... lindo
ResponderExcluirAbracos
Linda semana
Saludos
Abraços são muito mais do que carnes se encontrando.
ResponderExcluirÉ isso Suzana.
E eu tbm consigo abraçar meus mortos, meus vivos, meus pedaços.
Eu abraço a minha loucura, e tudo que inclui nela.
Faça a jarra, e enfeite com flores lindas, mesmo que sejam com as aguas roladas do rosto, porque são aguas benditas. Sempre benditas.
E nesse exato momento, de longe (mas o que seria longe?), eu te abraço.
Acredite: O abraço cura.
Um beijo Suzana.
Suzana, querida!
ResponderExcluirBom diaaaaaaaaa!! (Frio e chuva aqui, arrrggg).
Su, tbm já me vesti um tempo na vida com roupagens pra lá de pesadas.
Ainda as guardo num baú tbm, mas hj a roupagem é diferente.
Eu já me blindei muito na vida (E te confesso que ainda tenho essa blindagem), mas de uma forma mais leve.
Nada de azedume. Eu sou a pessoa mais alto astral desse mundo. Aprendi a rir das minhas cicatrizes e tombos como você.
Aprendi a limpar o sangue das minhas feridas, com amor.
Amor até por quem as causou.
Engraçado, que eu sempre fui uma pessoa independente emocionalmente, desde pequena.
Meus pais admiravam isso em mim, porque era uma coisa tão natural.
Sabe aquela coisa de resolver tudo sózinha?
Depois de um tempo, realmente a roupagem muda, porque eu sempre achei, em algumas fases da minha vida, que o mundo me sacaneava. As pessoas.
Hoje, te confesso que muitas coisas eu não entendo.
Eu não entendo o desamor.
Eu não entendo como alguém pode entrar na sua vida e te fazer mal, não entendo fins trágicos, não entendo as vezes o significado da vida.
Mas aprendi a aceitar. Do meu modo.
Mas uma coisa ainda que vai ser dificil eu entender, é o ser humano.
Sei lá se o mundo tá virado, mas sinto as pessoas dentro de um cubo de gelo enorme.
Um iceberg separa um humano de outro humano.
E sabe, eu cansei de questionar as pessoas, a vida.
Eu prefiro questionar a mim mesma, pois tenho tanto a aprender.
Mas aquela coisa...eu ainda (mesmo teimando), acredito na palavra amor. Mesmo direcionada hoje a minha familia, amigos.
Não acredito mais no amor entre duas pessoas, e talvez um dia a ocasião me faça engolir isso guela abaixo. Nelson Rodrigues dizia que as pessoas não sabem amar, e eu concordo com ele.
Mas os questionamentos, como disse deixei de lado.
Eu toco o meu barco, porque tenho um oceano na minha frente, e eu ando querendo viver tudo que posso.
Por isso tbm deixei a armadura, e me cobri de flores. Eu quero deixar pétalas na vida dos meus amigos, das pessoas que passarem por mim, porque acho que tem que ser assim.
Hoje eu não sigo setas, não obedeço códigos, porque eu fiz a minha cartilha.
E a leveza se instalou tbm. Ahhhh...e como é bom isso meu Deusssssssss.
Sei lá porque falo isso, acho que foi pelo teu coments no blog, eu tive essa vontade.
De certa forma, acho que nossa cabeça bate uma com a outra.
É isso. Sei, que tirando tudo isso, eu aprendi (E aprendo a cada dia), gostar de você como pessoa, como amiga.
Queria que soubesse disso.
Beijooooooooo de bom dia!!!
E eu que nunca nunca abracei Deus
ResponderExcluirque escrevo sobre a minha mania de grandeza demonstrando toda minha competência em não ser nada
eu, que na hora em que era preciso descrever um abraço profundo, descrevi empolgado um beijo de língua superficial e vazio
eu, gênio das frases repetidas, mestre na arte de não sair do lugar, de andar em círculos,
rei dos comentários em silêncio, os mesmos que nunca chegarão aos seus destinos, os mesmos que nunca terão a beleza dos textos a que foram destinados,
eu, agradeço a ti, por tudo que tenho aprendido com teus textos, para os meus textos, para minha vida...
abraço...
Rafa Feck
Não se deve discutir fé, mas esta chance eu não vou deixar passar...
ResponderExcluirRafa Feck,
Sinto muito se você nunca abraçou Deus, pois eu, já. Durante longo tempo da minha existência, eu não O abraçava (porque eu queria que tudo fosse do meu jeito) e creio que Ele também não me abraçava. Ele me olhava de longe, vigiando os perigos, mas deixava a minha vida rolar. De vez em quando, Ele me dava tapas. Tapas tão fortes que ardem até hoje. Mas Ele era e é Deus. Um dia, eu saí do meu mundo - que circulava em torno apenas dos meus desejos egoístas - e decidi chamá-Lo. Gritei alto e pulei no colo Dele com determinação, o suficiente para que Ele me olhasse nos olhos a sorrir e pronunciasse o meu nome (desconheço o autor dessa música). Hoje, Nós nos abraçamos quando eu, nas madrugadas, me entrego a Ele, sempre à procura Dele. E meu nome, Ele escreveu no livrinho cor-de-rosa Dele. E ainda me disse que escreveria junto comigo as folhas em branco da minha vida.
Sinto muito por você.
Suzana C. Guimarães
Você conseguiu escrever, falar, pintar moldar palavras. Eu senti o abraço, absorvi suas letras em doces homeopáticas deixando escorrer cada vígula, cada letra pelas minhas artérias...
ResponderExcluirAhh, Su-su, vc tem o poder de me emocionar e de me envolver nas suas belas palavras!!
beijos querida!!^^
Aff minha amiga...
ResponderExcluirEu cá, como voce, não só abraço DEus, como sinto-me literalmente ABRAÇADA por ele.
Fica aqui meu abraço, minha reverencia, meu carinho á pessoas assim como voce, que que tem alma no coração e coração na alma...
Bjossssssssss
OBS. Tente entra lá no Blog agora, acho que concertei!